sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Vivemos Num Tempo Que Escorre Pelas Mãos # We Live In A Time That Slips From Your Hand


O sociólogo polaco Zygmunt Bauman declara que vivemos num tempo que escorre pelas mãos, um tempo líquido em que nada é para persistir. Não há nada tão intenso que consiga permanecer e se tornar verdadeiramente necessário. Tudo é transitório. Não há a observação pausada daquilo que experimentamos, é preciso fotografar, filmar, comentar, gostar, mostrar, comprar e comparar.

O desejo habita na ansiedade e perde-se no consumismo imediato. A sociedade está marcada pela ansiedade, reina uma inabilidade de experimentar profundamente o que nos chega, o que importa é poder descrever aos demais o que se está a fazer.

Em tempos de Facebook e Twitter não há desagrados, se não gosto de uma declaração ou de um pensamento, apago, desligo, bloqueio. Perde-se a profundidade das relações; perde-se a conversa que possibilita a harmonia e também o destoar. Nas relações virtuais não existem discussões que terminem em abraços vivos, as discussões são mudas, distantes. As relações começam ou terminam sem contacto algum. Analisamos o outro pelas suas fotografias e frases de efeito. Não existe a troca vivida.

Ao mesmo tempo em que experimentamos um isolamento protector, vivenciamos uma absoluta exposição. Não há o privado, tudo é desvendado: o que se come, o que se compra; o que nos atormenta e o que nos alegra.

O amor é mais falado do que vivido. Vivemos um tempo de secreta angústia. Filosoficamente a angústia é o sentimento do nada. O corpo inquieta-se e a alma sufoca. Há uma vertigem que permeia as relações, tudo se torna vacilante, tudo pode ser apagado: o amor e os amigos.

“Estamos todos numa solidão e numa multidão ao mesmo tempo.” Zygmunt Bauman

 #

The polish sociologist Zygmunt Bauman states that we live in a time that slips from your hand, a liquid time where nothing is to persist. There is nothing so intense that it can remain and become truly necessary. All is impermanent. No pausing for observation of what we experience, we need to photograph, film, comment, like, show, shop and compare.

The desire dwells in anxiety and is lost in consumerism immediately. Society is marked by anxiety, and reigns an inability to experience deeply what comes to us, what matters is being able to describe to others what you are doing.

On a time of Facebook and Twitter there are no dislikes, if you don’t like a statement or thought, just delete, disconnect, block. You lose the depth of relations; lose the conversation that enables harmony and also the clash. In virtual relationships there are no discussions ending in live hugs, discussions are silent, distant. Relationships begin or end without any contact. We analyze the other for their photos and phrases of effect. There is no living exchange.

While we experience a protective insulation, we experience an absolute exposure. There is no private, everything is unraveled: what you eat, what you buy; what plagues us and what makes us happy.

Love is more spoken than lived. We live in a time of secret anguish. Philosophically anxiety is the feeling of nothing. The body is restless and the soul suffocates. There is a vertigo permeating the relationship, everything becomes faltering, everything can be deleted: love and friends.

“We are all in solitude and in a crowd at the same time.” Zygmunt Bauman

Sem comentários:

Enviar um comentário